Caso Prático: Integração de alunos NEE's nas salas de aula do ensino regular - Proposta de Atividades e Estratégias:
Não irei referir nomes, escolas ou concretizar muito, de forma a manter íntegro o respeito à privacidade.
Certa vez, foi-me atribuída uma turma onde estava inserido um aluno NEE.
Este menino apresentava um acentuado défice cognitivo, mas sem que houvesse qualquer patologia subjacente. A nível social, tinha grandes competências: era simpático, amistoso, meigo, conversador. Um doce de criança que conquistava qualquer professor com o seu sorriso. Fazia questão de me ir esperar à sala dos professores e de, no final da aula, me acompanhar no regresso. No domínio cognitivo, embora tivesse 13 anos e estivesse inserido numa turma do 3.º ciclo, mostrava competências que se englobavam provavelmente no final do 1.º ano, início do 2.º.
Por vezes, trazia trabalhos externos no âmbito da leitura e escrita, para realizar na minha aula os quais apresentava muita dificuldade em resolver autonomamente, sendo necessária muita orientação e acompanhamento na sua realização. O facto é que, com tantos alunos por turma, uns com muitas dificuldades, outros que procuram a excelência, é complicado articular todas estas situações em sala de aula e contribuir para o desenvolvimento holístico de todos, sem excluir nenhum, e contribuir para a inclusão efetiva da criança NEE no grupo/turma
Estando presentes nas nossas aulas e sendo membros das turmas, é nossa função como professoras e seres humanos atender às necessidades destes meninos e ignorar ou diminuir a atenção que lhes é concedida em favor de outros elementos do grupo/turma , nunca deve ser opção.De igual modo, é imprescindível acreditar no sucesso destes meninos e tentar promover o seu desenvolvimento e inclusão efetiva na turma, ao mesmo tempo que sensibilizamos toda a turma a aceitar, compreender e apoiar a diferença, para que, no futuro, todos estes meninos sejam cidadãos ativos na sociedade, de acordo com o potencial individual.
Esta tarefa é um desafio gigante e provavelmente deixará sempre qualquer professor com um sentido de querer fazer mais, pois é uma missão sempre incompleta, em que há sempre algo mais que se poderia fazer pela complexidade das exigências.
Serve então este post para debatermos algumas estratégias às quais recorremos ou que podemos vir a utilizar em casos semelhantes.
No caso que enunciei, adotei com o meu menino algumas das estratégias que passo a enumerar.
- Realização de fichas de trabalho sobre os temas abordados em aula específicas para ele, de modo a que, por exemplo, pudesse participar na leitura do texto da turma, ainda que o trabalho a realizar posteriormente fosse diferente (por exemplo, no conto O Mestre Finezas, lia a história em conjunto e o trabalho dele era sobre profissões: copiar palavras, ordenar sílabas, adivinhar profissões a partir de imagens, sopa de letras, palavras cruzadas).
- Inserção nas atividades práticas da aula como todos os outros (abertura da lição, registo do sumário, verificação do estado da sala, distribuição do material, ir buscar giz).
- Participação nas atividades em grupo heterogéneo: jogo pedagógico, trabalho de grupo, etc., desde que as tarefas sejam possíveis de concretizar pela criança (jogos de mímica, adivinhar palavras através de pistas verbais, ler os lábios, desenhos) .
- Debates a partir de meios audiovisuais vídeo, filmes, músicas, imagens: pedir a opinião.
- Sistema de incentivos para fomentar a autonomia (ganhar um autocolante, uma estrela, um doce, quando realiza um trabalho (quase) por si próprio).
- Encontrar um aluno tutor (todas as turmas têm um aluno muito bom que é muito rápido a fazer as suas tarefas, logo é possível que possa dar apoio ao colega, se estiver próximo, na impossibilidade de o professor o fazer nesse momento por estar a apoiar outro colega).
Estas foram algumas das opções que utilizei. Da vossa parte, de acordo com a vossa experiência, que estratégias têm utilizado?
Vanda Figueiredo