Tanto se tem falado em decretos e formas de incluir, penso que me é permitido falar-vos da minha condição: primeiro o carrinho de bebé até aos 7 anos, na escola primária não senti grande maldade, posso dizer que até foi a melhor fase da vida de estudante, o não entendimento, como lhes chamam os adultos, ajuda à criança com nee a sentir-se inserida na turma, se não brinca como os colegas, vamos passear e conversar. Aos 7 anos a primeira cadeira de rodas e os primeiros olhares de quem não está habituado e com a falta de conhecimento têm comentários desnecessários, como o típico "coitadinha". O facto de perguntarem se foi à nascença ou acidente confesso que não me faz confusão, mas o coitadinha tira-me do sério, desde pequena, na primária que ia para as aulas com aparelhos e passava parte das aulas de pé, isso em pequena era muito bom, entretanto ganhei medo porque tive que deixar os aparelhos várias vezes e quando voltava o meu tamanho assustava-me. Aos 10 anos começou a ser diferente, os olhares das crianças e dos próprios adultos já me fazia confusão, o preconceito por parte dos colegas e também adultos, posso dizer que para a minha auto estima foi brutal, no mau sentido, só há bem pouco tempo consigo lidar melhor comigo mesma. Isto tudo para dizer o quê, que qualquer que seja a tecnologia de apoio acho que mais vale perguntar como funciona, para que serve, eu neste momento tenho uma motinha e foi sim por uma questão de autonomia mas também por uma questão de preconceito, a pessoa, por mais que não acreditem ou notem, sente quando é gozada ou questionada por interesse. O PC, as aplicações para pessoas com algum tipo de deficiência, o cão-guia, as bengalas, os óculos e outros tantos são tecnologias ou não de apoio a quem precisa. O importante é se olhar e fizer confusão, pergunte ou tente experimentar viver como aquela pessoa, pode ajudar a entender a pessoa e a não passar maus exemplos às crianças, elas aprendem por imitação, mesmo quando são crianças mais velhas. Helena Guerreiro nº52995
De acordo com dados do Ministério da Educação, nos últimos 5 anos, cerca de 25% a 30% do corpo docente frequentou, por ano, ações de formação em tecnologia. Não obstante, uma das principais barreiras à modernização tecnológica ainda se prende com insuficiência de qualificações do corpo docente, como várias investigações e documentos oficiais que o comprovam (Costa, Rodrigues, Peralta, Cruz, Reis, Ramos & Valente, 2008). A minha questão é como podem os docentes atuar perante os alunos de NEE se não estão aptos, nem têm os conhecimentos mínimos para o fazer? Como pode um aluno de NEE vir a ter sucesso, se não tem um profissional qualificado para o estimular? Esta é uma realidade presente, que digamos que me faz alguma impressão, pois o progresso de uma criança com NEE não depende apenas da boa vontade dos professores mas, sim das qualificações, estratégias e saberes que este tem para lhe fornecer. Beatriz Sardo, 48296
"Um professor que tenta ensinar, sem inspirar o aluno com o desejo de aprender,está martelando em ferro frio” (Horace Mann)
Ora bem a mim resta-me falar do que sei, do que faço e do que aprendi até hoje. Sou professora há 7 anos e sei que ainda tenho muito para aprender…espero que não me falte a coragem de cativar, de inspirar e de “tentar” incluir da forma que sinto ser a melhor. Por querer ainda aprender mais, decidi ingressar num Mestrado e decidi procurar mais ferramentas para ajudar aqueles que mais precisam de mim. Não é bom princípio exigir conhecimento ao ser humano daquilo que eu não lhe ofereci, ou não lhe dei oportunidade de conhecer, pesquisar ou falar. Acho que o ensino está transformado numa bateria de matérias e metas a cumprir num curto espaço de tempo em que o professor fica estre a espada e a parede, entre o consolidar/inspirar ou entre o dar as doses absurdas de matéria. Incluir TIC nas aprendizagens requer tempo, tempo para quem aprende e tempo para quem ensina…o que muitas vezes não acontece. Espero que mudemos um pouco todos a forma de ver o ensino e não permitamos que os nossos alunos vão para casa com tantas dúvidas…com tantas inseguranças. Não deixem, com ou sem TIC, que os nossos alunos percam a inspiração e o desejo de aprender.
Os benefícios da utilização das TIC e de Produtos de Apoio/Ajudas Técnicas nas NEE são amplos, sendo fundamental que todos os profissionais que trabalham com estes sujeitos tenham competências sólidas de utilização destes recursos e materiais, quer numa ótica de utilização, quer numa ótica de criação de conteúdos.
Atualmente, as equipas de apoio aos sujeitos com NEE carecem ainda de profissionais que consigam extrair os reais benefícios da utilização das novas tecnologias e explorar o potencial inclusivo das TIC. Diferentes investigações realizadas, assim como testemunhos de profissionais e de indivíduos com NEE, comprovam os benefícios da utilização das TIC a vários níveis, desde a deficiência física mais visível, até aos problemas cognitivos, emocionais e comportamentais.
Almeida (2006), numa revisão de estudos internacionais, referencia ainda que possibilidades de adaptação e configuração deatividades, tarefas e níveis de dificuldade, associada à elevada motivação de alunos com NEE no contacto com este tipo de ferramentas e às possibilidades de fornecimento de feedback têm contribuído para um aumento significativo de propostas, projetos e estudos nesta área. Neste âmbito, as TIC que se encontram contempladas na atual legislação de educação especial assumem-se como ferramentas de elevado potencial para a consecução dos propósitos pretendidos, revelando-se capacitadoras e permitindo não só o derrube de barreiras de acesso às próprias tecnologias e conteúdos disciplinares, como também o combate às dificuldades daqueles alunos que não conseguem acompanhar os métodos tradicionais de ensino. Se, para alguns alunos, constituem novas formas de acesso à informação e construção de conhecimento, para outros afiguram-se como a única forma de aceder aos conteúdos e concretizar uma participação ativa no seu processo individual de aprendizagem.
Podemos dizer que a Educação Especial e a Tecnologia podem caminhar lado a lado com um único objetivo: A inclusão. Trabalhando com a tecnologia correta para cada caso, pode-se diminuir a exclusão e mostrar ao mundo que não são só as características físicas que importam, que devem ser tidos em linha de conta, mas existem outros muito mais importantes, muito mais globais e que são característica comum a todas as pessoas: Refiro-me aos valores éticos, morais e intelectuais. Nos dias que correm, uma pessoa portadora de deficiência pode realizar muitas tarefas, atrever-me-ia a dizer: Pode realizar qualquer tarefa, necessitando para isso de uma ferramenta, a Tecnologia. Portanto, não importa como alguém consegue fazer algo, o mais importante é que o faz e como supera as suas dificuldades.
Escolhi esta imagem porque na minha opinião, reflete bem o que se passa, na maior parte das vezes, nas nossas escolas. Os professores, já não muito novos, mostram que querem mudar as suas aulas, utilizando os recursos mais apetecíveis aos alunos, mas não têm as competências para isso. Deparam-se com grandes dificuldades, que os fazem desistir da utilização das TIC. Desta forma, podemos ver como a formação para a vida e em TIC é um aspeto bastante importante na carreira docente para conseguir acompanhar a evolução da sociedade e para tornar a escola mais inclusiva para todos. O que achas, uma escola atualizada ou desatualizada? Filipa Florêncio
Hoje em dia, a escola é heterogénea e esta heterogeneidade é vista como um elemento enriquecedor, com o qual as escolas têm de estar preparadas, implicando um novo conceito de escola. Esta nova Escola, denominada Escola para Todos terá de capacitar os seus professores para trabalhar com as diferenças em sala de aula e na escola. Muitas destas estratégias de trabalho passam, exatamente, pelas TIC como ferramentas do processo, sendo estas um bom veículo de desenvolvimento de competências de interação e cooperação. Mas só se poderão tornar num bom veículo quando se o seu funcionamento for o esperado, mas não é o que se verifica, muitas das vezes nas nossas escolas. A internet que na nossa Era é uma das ferramentas fundamentais, ainda não consegue ser eficaz. Muitas das vezes quando é necessária não existe ou é quase nula, não se conseguindo trabalhar. Agora questiono, como é querem uma nova escola, sem uma das ferramentas essenciais nos nossos dias, onde a inclusão pode passar por ela garantindo a participação e o sucesso na aprendizagem? Filipa
A designada "escola inclusiva" ou "escola para todos" tem, nos últimos anos, merecido a atenção de muitos organismos, entidades e personalidades nacionais e internacionais. Penso que, de facto, é importante adequar o processo de ensino e aprendizagem às características e singularidade de cada criança ou jovem.
Outro aspeto importante são as condições humanas, físicas e materiais existentes e que permitam uma participação efetiva e plena de todos os indivíduos na escola e na sociedade. Considero que de facto, as TIC constituem-se, nos dias de hoje, como uma "mais-valia", nos mais variados níveis de todo o processo de ensino e aprendizagem. Destaco a opinião de Radabaugh (1993) quando refere que, "para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis; para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis". De facto, as tecnologias facilitam a comunicação e o acesso à informação, e permitem, igualmente, o desenvolvimento de capacidades e competências funcionais. Ao longo da minha carreira docente, tenho verificado que a utilização de "software de educação especial" é, por vezes, reduzida. Este aspecto poderá estar relacionado, na minha opinião, com o facto de alguns docentes possuírem pouca formação/conhecimento em TIC aplicadas à educação especial.
Eu abordo aqui este assunto porque considero que é importante para todos de nós dentro da educação especial termos algum conhecimento acerca das mudanças que eventualmente poderão ocorrer no decreto-lei nº3/2008 e que poderão afetar o trabalho que as equipas multidisciplinares têm desenvolvido até agora.
Na minha opinião as alterações do decreto-lei contêm alguns aspetos positivos mas também envolve muitas dúvidas em volta dele. Os aspetos positivos com maior relevância são: o corte com as deficiências em categorias de carácter permanente, o que é bastante positivo pois na minha opinião categorizar as deficiências só incentiva mais a exclusão social e a diferença que separa dessas crianças com a sociedade em geral; currículos mais flexíveis; a criação de condições nas escolas para que não sejam separados alunos em contextos escolares, pois todas as crianças têm o direito no acesso e participação aos mesmos contextos educativos; a formação específica do pessoal auxiliar na área da Educação Especial, pois é importante que todos os profissionais das escolas tenham conhecimento e saibam intervir com crianças NEE; a participação dos alunos num sistema educativo construtivista, pois é importante também envolver e ouvir as opiniões das crianças, entre outros aspetos.
Porém este decreto traz com ele imensas dúvidas e a minha dúvida é: se hoje em dia os recursos tecnológicos já são insuficientes sobretudo nas escolas públicas, de que forma poderão utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas crianças com NEE?. Visto que a maioria das crianças não têm acesso a um computador por diversas razões, como poderão eles utilizar os programas educativos quer nas escola ou em casa? Torna-se assim difícil para essas crianças estarem incluídas nas tecnologias e terem um apoio na comunicação com os outros. Todos os alunos com NEE deveriam ter os recursos necessários para ultrapassar as suas dificuldades e alcançarem os objetivos curriculares. Porém, mesmo que houvesse estes recursos, onde e quem os controlava para que fossem equitativos em termos nacionais? E com isto envolve as tais dúvidas.
Eu acho muito importante que as TIC tenham um papel fundamental na vida dessas crianças, mas para isso tem que haver ainda muitas mudanças para que todos tenham o acesso. Deveria então incluir também nesse decreto mais acerca das TIC aplicadas às NEE.
No contexto educativo, as atitudes dos professores assumem um papel importante e decisivo no processo de aprendizagem dos alunos. Estas podem constituir um auxílio ou um obstáculo à inclusão e podem ser um factor decisivo para a efectiva implementação deste processo. Face a diversidade da população escolar, torna-se fundamental que os professores apostem mais na sua formação, devendo esta estender-se para além da formação adquirida no período de faculdade. Estes devem organizar todo o contexto social em que ocorre o processo de aprendizagem, de modo a que os alunos desenvolvam atitudes e competências, que lhes permitam interagir e cooperar com os colegas, tendo por base o respeito pela diferença. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) surge para alterar o paradigma da escola integrativa para a educação inclusiva. O professor é considerado o elemento chave do processo educativo, uma vez que através do envolvimento deste com a sociedade escolar, conseguimos caminhar para a construção de escolas mais inclusivas assim como, para a renovação das práticas utilizadas na sala de aula. Ainscow et al (1997 p. 16) afirma então que é necessário sensibilizar mais os professores acerca das possibilidades de aperfeiçoarem as suas práticas de ensino, ( ) estes necessitam de adoptar novas formas de pensamento, e consequentemente devem sentir confiança/vontade de vivenciar novas experiências, para que assim descubram novas possibilidades de aperfeiçoamento.
AINSCOW, M., PORTER, G., WANG, M., (1997). Caminhos Para as Escolas Inclusivas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.